quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Eu vi a inclusão digital na minha frente. E tive medo.

Semana passada meu pai estava aqui em Porto Alegre e fui fazer uma visita. Ele estava em um apartamento no bairro Azenha. Não é uma favela, mas está longe de ser um lugar seguro (se é que existe algum bairro seguro aqui em Porto Alegre). Eram mais ou menos 19 horas, e já estava escuro. Quando ia embora, meu pai desceu comigo. Eu tinha estacionado o carro em frente a uma pracinha.

Como sempre faço, fico de olhos aberto ao chegar no carro, olho em volta, faço o reconhecimento da área antes de abrir o carro. Foi então que e vi na pracinha, um bolinho com uns 5 meninos. Não tinham mais de 15 anos, e pela aparência poderiam ser garotos de rua, poderiam ser assaltantes ou poderiam simplesmente ser garotos bonzinhos carentes. Incluía ai um certo preconceito e medo da minha parte.

Como não vi nenhum sinal de perigo eminente, fui chegando perto do meu carro, e foi quando tive a visão pitoresca. Sim, aqueles jovens adolescentes, com todas as ferramentas necessárias para serem meliantes, estavam ali, no meio de uma praça a 5 metros de mim, formando um bolinho em volta de um notebook XO, o notebook de "100 dolares" da OLPC. Eu não acreditei. Olhei de novo, mas era verde, era um XO. Mas eu ainda não acreditava, mas tinha as duas anteninhas de cada lado do monitor. Definitivamente ERA UM XO. E eles estavam se divertindo.

Eu só pensei que eu tinha que tirar uma foto daquilo senão ninguém iria acreditar em mim. Mas foi um pensamento tarde demais, eles nem me viram, nem perceberam que eu estava ali, mas como se estivessem sido acoados, se levantaram e correram para uma casa, que olhando bem parecia um abrigo para menores carentes.

Se alguém duvida eu entendo, eu não acreditaria. Eu não tenho a foto, mas eu vi a inclusão digital na minha frente. E tive medo.

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