sábado, 29 de setembro de 2007

It’s not about money, it’s about freedom

Divagando sobre a qualidade dos softwares livres contra a qualidade dos softwares proprietários, muitos chegam a seguinte questão: como é possível alguém fazer de graça, algo melhor, do que outros que cobram pela mesma coisa? Nessa questão imaginem todo tipo de comparação de software livre com seus concorrentes pagos e nesse caso entra: Linux x Windows, Gimp x Photoshop, Openoffice x MS-Office, e principalmente Firefox x Internet Explorer. Nesses casos, a questão é que, se eu tenho dinheiro infinito, eu compro qualquer um, para fazer o melhor produto, e ser sempre melhor que meus concorrentes. Isso parece lógico, mas não é quando se fala de desenvolver software.

Costumo dizer o seguinte: a principal diferença entre um programa grátis (o termo "grátis" de propósito nesse caso) e um programa pago, é o preço. E o fato é que olhando somente o preço não é correto chegar a nenhuma conclusão. Por isso eu escrevi principalmente a diferença entre o Firefox e o Internet Explorer. A Microsoft tem dinheiro para comprar qualquer outra empresa de software, tem dinheiro para contratar os melhores especialistas em internet do mundo, pode gastar quanto quiser em pesquisa, e ainda assim criaram um produto como o Internet Explorer. Do outro lado está a Fundação Mozilla, que para ter um anúncio em um jornal teve que pedir dinheiro aos usuários, vive de contribuições de outras empresas, e ainda assim criaram um produto como o Firefox. O Firefox é muito melhor que o Internet Explorer, e não foi o dinheiro, ou a falta dele que fez a Fundação Mozilla criar esse produto fantástico. Foi o sentimento de liberdade, de estar livre de uma empresa que o objetivo é ganhar dinheiro, e para isso é necessário um produto melhor.

O que aconteceria se não existisse o Firefox? Estariamos usando o Internet Explorer 6, que nunca iria evoluir, nunca teria abas, apenas ficaria pior, para fechar as brechas de segurança. Algumas pessoas usariam algum outro browser proprietário, que teria o mesmo objetivo que a microsoft teve ao criar o IE: ganhar dinheiro.

Nada contra as empresas ganharem dinheiro, mas quando se trabalha em algo sem ter o dinheiro em mente, o resultado sempre vai ser melhor. A motivação é diferente e principalmente a qualidade é diferente. Todo o dinheiro do Bill Gates não consegue comprar a motivação necessária para o desenvolvimento de um software de qualidade... por muito tempo.

Com esse cenário, penso que tudo é uma questão de tempo. É uma questão de tempo para o Gimp chegar perto do Photoshop. Talvez demore alguns anos, talvez 10 anos. Mas ele vai chegar lá, vai ficar melhor que o Photoshop. O mesmo com o OpenOffice. E provavelmente daqui a 10 anos ninguém mais vai sentir falta do Windows. Ou talvez daqui a 20 anos, mas é inevitável. É um caminho sem volta, justamente porque desenvolver software livre não é sobre dinheiro.

PS: O título desse post foi inspirado pelo artigo de Mark Pilgrim de 2004.

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